sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um suspiro de cansaço...


Meios acadêmicos nunca foram os mesmos, aqueles dos meus pensamentos imaturos e idealistas. Eles sempre tiveram seu quê de prepotência e autosuficiência com as quais exibições são tão eficazes. Mas por que razão elas são eficazes, enfim? Ah, sim, claro, porque existem os tais idealistas imaturos que tomam tais exuberâncias narcísicas como garantia de trabalho sério...
Meios acadêmicos transbordam de guerras e picuinhas narcísicas dificilmente evitáves. Sim, sim, mesmo que não se queira, é de fato inevitável. Basta experimentar elogiar alguém diante da pessoa errada. Você pode tentar fazer essa experiência, mas, enfim, pode custar tão caro que não cosidero que valha realmente a pena. As conseqüências dessa experiência podem seguir você durante anos, ou toda uma vida...
Meios acadêmicos sabem racionalizar. As justificativas para a divisão de campos de batalha narcísica são sempre sublimadas, quase razoáveis. No entanto, você acaba por saber, cedo ou tarde, que as razões estão mais para “ele roubou minha clientela/meu aluno/minha mulher” do que para “ele derrubou minha teoria”. A pior dentre todas é a luta fratricida. É a disputa pelo amor e reconhecimento de um pai qualquer e, ao mesmo tempo, a luta pela sucessão desse pai. “O pai eficaz é o pai morto”, já dizia um deles, o que, nesses casos, aparece de forma mais do que clara. Nada melhor do que a morte do pai para que as filiações apareçam e, com elas, a dilaceração das frátrias em tantos clãs distintos.
Meios acadêmicos são clânicos, com uma diferença: em organizações sociais clânicas há uma certa mestiçagem porque, normalmente, pratica-se a exogamia. O que se pratica em Universidades e meios afins é a endogamia, o que causa uma série de deformações aleatórias, mas esperadas. Repetições estéreis, discursos incompreensíveis, hermetismos autofágicos. Interdisciplinaridade, ou qualquer outro tipo de inter qualquer coisa, é somente uma figura retórica cuja função é a de envernizar uma crosta de velhos pensamentos empoeirados e caquéticos.



Meios acadêmicos são sistemas autosuficientes. Tudo o que possa vir enriquecer ou ilustrar quaisquer ruminações teórica é tido imediatamente como ameaça. É preciso que a atividade de ruminante intelectual continue tal qual ela sempre esteve, senão ela não se reconhece. A tentativa de introdução de elementos externos normalmente culminam no fechamento ainda mais radical do sistema. Um tanto quanto fronteiras de países europeus de extrema direita...
Meios acadêmicos de vez em quando emperram quando vernizes empolados não conseguem mais esconder a verdadeira face crua do que se trata ali: de si. E é uma questão de vida ou de morte.
Meios acadêmicos continuam os mesmos. Eu é que mudei.

(o desenho maravihoso, é de Quino)

3 comentários:

  1. por isso digo sempre que deverìamos receber um percentual (grande) de insalubridade por trabalhar em universidade...

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  2. acho que seria mais o caso de receber um percentual "insanidade"...

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Obrigada por ter lido!